Ela andava distraidamente, estava voltando da aula de inglês e indo para a sala. O corredor não era muito largo. Do seu lado direito duas amiga suas caminhavam junto dela conversando e rindo de algo em que não prestava atenção. Cabeça baixa e apostila na mão, estava mergulhada em pensamentos quando de repente percebeu alguém vindo sua direção. Por um minuto uma pequena parte dela percebeu quem era e se emocionou. Ele caminhava  a seu encontro, mas obviamente estava fazendo seu percurso e não indo encontrá-la. Continuaram andando um em direção ao outro, mas mesmo ela o reconhecendo não levantou em momento nenhum os olhos e nem abandonou seu estado de topor.

Teve a estranha sensação de que iria realmente bater de frente com ele, como se tivesse  esquecido de que deveria desviar, porém no último segundo desviou. As amigas não notaram nada da pequena batalha interna. E logo depois de abrir caminho para ele, a menina foi tomada por uma estranha sensação de ansiedade e tristeza. E abalada dessa forma percebeu que não queria ter desviado.

Quase comovida se deu conta que queria ter esbarrado nele. Só para poder olhar para ele e pedir desculpa, só para poder ouvir a sua voz, só para ter a certeza de que naquele momento ele estaria olhando para ela, para que talvez pudesse ver no seu rosto surpresa e emoção uma vez que estariam tão próximos. E ambos corariam, pediriam desculpas atrapalhadamente e sairiam com uma expressão de constrangimento, mas no seu interior haveria uma forte sensação de contentamento. E então em meio àquela profusão de sentimentos e mais confusa do que antes continuou seu caminho imaginando se ele poderia ter pensado no mesmo.

Deixe um comentário